quarta-feira, 21 de julho de 2010

Como escolher seus candidatos?

Em período eleitoral todos os candidatos se parecem. Todos dizem que são honestos e vão combater a corrupção, investir na saúde e na educação e defender o povo.

Em meio a tanta informação, na maioria das vezes duvidosa, como fazer para separar o joio e o trigo? Não há fórmula mágica, além de acompanhar o posicionamento do eleito durante o mandato para saber se a política que ele implementa (no executivo) ou apóia (com o voto, no legislativo) está de acordo com seu pensamento, ou não. A avaliação é pessoal e deve ser criteriosa.

Observar a história partidária do candidato é um bom começo. Aquele que em cada campanha concorre por sigla diferente, é porque sua posição política não é sólida.

Atente também para a história do partido. Se o candidato diz que defenderá a educação pública, mas seu partido defende a privatização dos serviços públicos, ele está blefando e não merece o voto.

Campanhas caras

Para não ser iludido por marketeiros políticos, comece detectando os candidatos oportunistas pelas campanhas que custam mais que os salários do mandato inteiro. O site do TSE mostra a prestação de contas das campanhas e na relação há candidatos investindo mais de R$ 1 milhão para se eleger deputado federal e estadual.

O dinheiro não é deles (em sua maior parte). É de investidores na campanha. Esses investidores, investem na campanha de políticos na esperança de obter retorno futuro. Então, esses candidatos vão atuar em prol da população ou dos financiadores?

Politizar o voto

Para fugir desta armadilha a solução é politizar o voto. Não há candidato de si mesmo. Ele representa certamente um grupo ou um segmento da sociedade. Se não são os empresários, certamente há movimentos, sindicatos, associações e, muitas, vezes, até a máquina do Estado. Procure saber a quem está ligado seu candidato e se você concorda. Cada candidatura deve ser construída em torno de uma proposta política que deve ser muito bem definida. Se o candidato diz que vai defender os trabalhadores, de qual trabalhador está falando?

Tome cuidado com os candidatos que prometem cuidar dos interesses de todos, indistintamente. Geralmente ocorre com aqueles que dizem defender os interesses de determinada cidade ou região. É preciso ter claro a que grupos sociais dessa cidade ou região ele está ligado. Esses certamente serão os verdadeiros beneficiá- rios do seu mandato.

Deputado é eleito principalmente para fazer leis. Distribuir cadeiras de rodas, denta- duras, pagar para moradores colcarem placas e fazer assistencialismo é prática condenável e proibida por lei.

De cara, elimine os candidatos de partidos de aluguel ou laranjas. Mas, cuidado. Nem todo partido pequeno é de aluguel ou laranja.

Por fim, olhe com mais atenção os candidatos que defendem o setor público, pois so- mente com investimento público na educação, na saúde e na redistribuição de renda poderemos ter uma sociedade com justiça e sem violência.

Conhecer a história ajuda a digerir a sopa de letrinhas partidária

Participam das eleições no Paraná os partidos:

Majoritária Novo Paraná - PRB / PP / PTB / PSL / PTN / PPS / DEM / PSDC / PHS / PMN / PTC / PSB / PRP / PSDB – Beto Richa

Majoritária A União Faz um Novo Amanhã - PDT / PT / PMDB / PSC / PR / PC do B – Osmar Dias

Sem coligação – PCB (Amadeu Felipe), PRTB (Robinson de Paula), PSOL (Luiz Felipe Bergmann), PSTU (Avanilson), PTdoB e PV (Paulo Salamuni).

Mas como saber o que significa esta sopa de letrinhas se a cada dia os partidos se parecem mais uns com os outros? A princípio, cada partido tem sua ideologia e uma proposta para a sociedade. Mas isto é muito relativo num país em que não há partidos de verdade.

Tem também sua história e somente observando a recente história política do Brasil podemos perceber o que cada um deles representa, com profundas contradições.

Remontando à ditadura militar, os dois partidos que dominavam a cena política eram a Arena e o MDB. A Aliança Renovadora Nacional se fragmentou em em diversas legendas, mas manteve a ideologia de direita, que frequentemente se aglutina em bloco suprapartidário.

A velha Arena hoje é representada principalmente pelo DEM, PR, PP e PTB. No Paraná, ela também tem sucessores (DEM, PR) e de Osmar Dias (PDT e PSB). O próprio Lerner já transitou no PDT, no PR (PL) (quando foi governador) e hoje é filiado ao PSB.

Durante a ditadura o MDB reuniu forças e grupos diferentes contrários ao regime militar. Com o fim do bipartidarismo, seus líderes temiam a pulverização e, em conseqüência, falta de força para fazer frente aos partidos que davam seqüência à Arena, ideologicamente mais coesos. Para conservar certa unidade, mantiveram a sigla com P.

Alguns destes partidos têm história bem curiosa. O PTB era o partido de Getúlio Vargas, que a ditadura militar tentou enterrar. No caminho à redemocratização, Leonel Brizola sonhava em recuperar a antiga legenda, com todo o seu simbolismo. Mas os militares conseguiram impedir e entregaram a sigla a uma sobrinha de Getúlio, Ivete Vargas. Desde então o PTB não passa de uma legenda de aluguel – fecha com quem está no poder.

Brizola então fundou o PDT com o sonho de recuperar o getulismo. Para viabilizar nacionalmente seu partido fez estranhas alianças regionais, com Lerner no Paraná, por exemplo. Nos anos 90 o PDT perdeu força e seus quadros mais identificados com o trabalhismo migraram para o PT, especialmente no PMDB, PSDB, PSB, PDT e no PPS. Não é à toa que o grupo político de Jaime Lerner (legítimo representante da Arena) esteja dividido hoje entre as candidaturas. Desde a morte de Brizola a legenda se assemelha mais a um partido de aluguel.

Como PMDB, o partido aliou-se com o espólio da Arena para liderar a Nova República. Inchou com políticos oportunistas e perdeu identidade. Hoje o PMDB é um partido sem unidade nacional. Tem um cacique em cada lugar.

O desvio político do PMDB causou cisão em pleno período constituinte. Os descontentes fundaram o PSDB, reunindo muitos que sonhavam em instaurar a social democracia.

Tal pai, tal filho. Para governar, o PSDB seguiu a mesma trajetória do PMDB. Aliou-se ao DEM e liderou a agenda neoliberal nos desastrados anos FHC (1995-2002). É hoje, na aliança com o DEM, o principal interlocutor dos interesses da elite econômica nacional.

O PPS é um partido com trajetória estranha. A legenda é herdeira do Partido Comunista Brasileiro, que viveu por décadas na ilegalidade e se alinhava à ideologia comunista soviética. Ruiu unto com a União Soviética no final dos anos 80. Igual a partidos comunistas do velho continente, o PCB também reviu seus conceitos e posições e mudou de nome. Para surpresa de todos, aderiu imediatamente ao Consenso de Washington. Nos anos 90 vinculou-se ao PSDB e ao DEM. Mais capitalista é impossível. Descontentes com o rumo, os comunistas ortodoxos recuperaram a legenda e restabeleceram o PCB, hoje sem representação.

O outro partido comunista (PCdoB) mantém sua linha pragmática, aliando-se a partidos de centro esquerda. Com isto, hoje um deputado seu, Aldo Rebelo, conseguir passar pela presidencia da Câmara dos Deputados e recentemente foi muito criticado pelas esquerdas pela aprovação do Código Florestal.

O PT (Partidos dos Trabalhadores) surgiu nas lutas operárias do ABC paulista, no final da ditadura militar. Reunia diversos segmentos da esquerda. Nos anos 80 viveu sua radicalidade e na década de 90 passou a redefinir sua postura política para a social democracia, de centro esquerda.

A redefinição petista no espectro político causou cisões ao longo de sua história. Nos anos 80, o grupo Convergência Socialista deixou o partido e formou o PSTU, de extrema esquerda. Mais recentemente, segmentos internos que foram expulsos ou deixaram o partido formaram o PSol, numa tentativa de recuperar a radicalidade petista dos anos 80.

O PR procura juntar liberais que não se enquadram no DEM, mas não tem muita consistência para liderar uma corrente política nacional.

O PV surgiu por conta dos movimentos ambientalistas internacionais. Na Europa os verdes têm certa força política, mas, no Brasil, ainda estão engatinhando politicamente e este ano conseguem uma candidatura forte com Marina Silva que saiu do PT depois de 30 anos e pode surpreender.

Os demais partidos ainda não mostraram a que vieram. Alguns não passam de laranjas para fazer o trabalho sujo na campanha eleitoral: fazer a crítica baixa contra um candidato para beneficiar outro.


Fonte: adaptação de texto contido no site http://www.appsindicato.org.br/

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